Última atualização em junho 11, 2021
Após a Crise do subprime em 2008, a importância das taxas de juros e de câmbio aumentou consideravelmente. As pessoas passaram a esperar que o Federal Reserve (Fed) resolvesse todas as questões econômicas, utilizando soluções de política monetária. Muitos investidores passaram a basear suas decisões de investimentos principalmente no Fed e em suas políticas. Apesar das ferramentas fiscais à disposição do governo poderem impulsionar um crescimento econômico tangível, seus esforços permanecem amplamente ignorados. Em vez disso, as pessoas procuram os bancos centrais como principal meio de apoio à economia, incluindo países como a China, Europa e Estados Unidos.
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As origens da flexibilização quantitativa
Podemos atribuir a origem desta tendência a Ben Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve. Ele desempenhou um papel proativo atípico durante o governo Bush. Acreditando que o governo passava por dificuldades em encontrar soluções econômicas, ele passou a reduzir taxas de juros básicas do dólar, com o objetivo de aumentar a liquidez. Essa medida ficou conhecida como Flexibilização Quantitativa. À época, suas ações foram consideradas bastante radicais, o que gerou muita preocupação sobre o risco de hiperinflação. No entanto, seus esforços acabaram dando resultado.
Ao ver esse sucesso, os bancos centrais de outros países começaram a emular suas políticas e efetivar suas próprias medidas de flexibilização. Devido ao atraso, muitos países ficaram atrás dos Estados Unidos em termos de recuperação da crise. Se você perguntar a qualquer um sobre as políticas que os governos da China e de países da Europa usaram para mitigar a crise, poucos se lembrariam delas. E ninguém se lembra porque elas foram bastante ineficazes.
Taxas de câmbio e política monetária
Ao longo da década passada, baixas taxas de juros e estímulos monetários constantes se tornaram os principais pilares da economia moderna. O livre capital é a base de ações em ascensão e taxas de juros próximas de zero são uma exigência para o crescimento econômico. É preciso ressaltar que esse tipo de dependência é como uma “vida ligada a aparelhos”. Sabendo disso, o Fed tem se esforçado ativamente para tirar a economia americana dessa situação, principalmente quando perceberam que ela consegue se sustentar sozinha. Infelizmente, a atual disputa comercial com a China estragou os planos. O sentimento inicial era de que seria um breve jogo de interesses até que os representantes dos dois países finalmente se sentassem para negociar. Embora as tarifas tenham sido colocadas em standby e ambas as partes tenham prometido que vão trabalhar juntas, não há um acordo final à vista.
Os Estados Unidos fizeram o movimento inicial neste xadrez econômico. A última manobra de aplicar uma tarifa de 10% sobre um valor adicional de US$ 300 bilhões em produtos chineses tinha como objetivo colocar a China na defensiva. A reação do país foi colocar em prática uma política monetária de desvalorização do yuan. Os bancos chineses não confirmaram oficialmente se isso aconteceu de fato, mas parece bem pertinente quando se observa as taxas de câmbio do dólar e do yuan.
Por segurança, vamos confiar nos analistas do Credit Suisse para confirmar nossas suspeitas. De acordo com seus cálculos, a desvalorização é uma resposta apropriada às consequências das tarifas. Com a taxa do dólar em cerca de 7,0 yuans, 70% dos efeitos das tarifas iniciais de 25% sobre o valor de US$ 250 bilhões em bens e o segundo conjunto de tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões adicionais em produtos foram neutralizados.
Uma competição de tarifas comerciais e taxas de câmbio
Washington está ciente desses números. O governo acusou abertamente a China de manipular a taxa de câmbio de yuan. Ao fazer isso, o país estaria infringindo vários acordos internacionais. Pequim insiste que não houve manipulação e que suas ações foram uma resposta legítima às tarifas unilaterais dos Estados Unidos. A forma como as duas partes se acusam mutuamente é, no máximo, uma distração, até todo mundo aceitar as políticas monetárias da China da mesma forma que aceitaram as dos EUA.
Ao longo dos últimos anos, vimos a influência de organizações comerciais internacionais diminuir, assim como a importância de acordos comerciais multilaterais, que contribuíram para a perda de confiança mútua entre os participantes do mercado. É natural admitir que, num mercado em que falta confiança, a confiança de investidores é prejudicada, e o mercado de ações sofreu um impacto, mas não tanto quanto era esperado. Mesmo sem confiança, a economia permanece estável. Isso pode ser atribuído, em parte, à forma como o Fed continua aumentando a liquidez e elevando taxas de juros. Não há dúvidas de que suas políticas distorcem o mercado. Dito isso, considerando o clima político e econômico atual, eles não têm outra escolha a não ser seguir em frente, querendo eles ou não.