Os contratos de derivativos financeiros estão entre os instrumentos mais complexos no mundo dos investimentos. Para operá-los com sucesso, os participantes do mercado devem conhecer os detalhes e as particularidades de cada contrato. As bolsas e corretoras introduziram diretrizes e estruturas unificadas que estabeleceram padrões para garantir a qualidade e os custos, além de outras informações detalhadas para facilitar a operação de um determinado contrato de derivativos. Este guia explora a padronização nos mercados de derivativos, seus benefícios e o que isso significa para os investidores.
O que é a padronização de contratos de derivativos?
A padronização de contratos de derivativos facilita a execução de operações ou transações financeiras por meio de uma estrutura de acordos. Ela lista os processos detalhados necessários para garantir a qualidade consistente de uma determinada transação financeira.
Isso afeta todos os participantes do mercado em uma transação, incluindo investidores, gestores de fundos, corretores e muito mais. Todas as partes relevantes devem aderir às políticas e diretrizes da padronização. Isso ajuda a garantir a qualidade adequada do instrumento em questão.
Basicamente, a padronização de contratos de derivativos é um conjunto uniforme de diretrizes. Todas as partes aceitam essas diretrizes para simplificar a forma com que elas interagem umas com as outras. Por exemplo, com contratos de derivativos, essas diretrizes podem incluir o número de unidades de cada contrato, como determinamos o preço quando os operamos, as opções de entrega e muito mais.
A padronização se aplica a todas as atividades de trading, incluindo a compra e venda de ações, commodities, futuros, opções e mais. Com o trading de ações, as práticas de padronização são muito mais simples. Enquanto isso, contratos de derivativos são essenciais e sensivelmente mais complexos devido às particularidades dos instrumentos operados e seu tipo de liquidação.
Qual é o benefício da padronização?
Graças à padronização, as bolsas podem garantir que a oferta de um produto será consistente com outros itens equivalentes na mesma classe. Ela também garante que o contrato de derivativos terá sempre as mesmas características, não importa se você for comprá-lo hoje ou em um mês.
Além de manter a consistência da qualidade, a padronização dos contratos de derivativos também garante maior liquidez, eficiência na execução da operação e redução dos custos.
Além disso, ela também esclarece a forma com que conduzimos as transações. Dessa forma, cada parte relacionada a uma determinada transação saberá o que esperar dela.
Em resumo, a padronização introduz parâmetros predefinidos dentro do mercado de derivativos que determinam o tamanho do contrato, as datas de entrega, o preço, entre outras características.
Exemplos de derivativos padronizados
Os derivativos padronizados também são conhecidos como derivativos operados na bolsa (ETD, na sigla em inglês). Os contratos de derivativos padronizados mais comuns são futuros e opções.
O papel da padronização nessas classes de ativos é unificar e sistematizar a forma com que eles são oferecidos no mercado.
Alguns dos derivativos padronizados mais operados incluem:
- Contrato de futuros E-mini S&P 500 (ES) operado na CME
- Contrato de futuros de Petróleo Bruto (CL) operado na NYMEX
- Contrato de futuros de Eurodólar (ED) operado na CME
- Contrato de futuros de Milho (ZC) operado na CBOT
- Contrato de futuros de Soja (ZS) operado na CBOT
- Contrato de futuros de Gás Natural Henry Hub (NG) operado na NYMEX
Os contratos de opções dessas commodities específicas também estão entre os mais operados na classe de ativos respectiva.
No entanto, futuros e opções não são os únicos derivativos padronizados. Derivativos de ações, índices, mercado imobiliário, taxas de juros e outros instrumentos em bolsas públicas também estão sujeitos a esse processo.
Mercado de balcão (OTC) vs. Derivativos operados na bolsa
Via de regra, todos os derivativos operados na bolsa são padronizados. Os derivativos operados no mercado de balcão (OTC), por outro lado, não são.
Instrumentos operados em mercados públicos devem seguir as diretrizes de padronização da bolsa em questão. Enquanto isso, os derivativos OTC não estão sujeitos a regras de padronização rigorosas e podem ser personalizados.
Essa característica também é o que define as diferenças entre os dois grupos. Devido à sua natureza padronizada, os ETDs contam com maior liquidez. Além disso, os órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), supervisionam os ativos que operamos em mercados como a Chicago Board Options Exchange (CBOE), a Intercontinental Exchange (ICE) ou a New York Mercantile Exchange (NYMEX). Outro benefício é que as câmaras de compensação (como a CFTC) os garantem. Esse voto de confiança diminui significativamente os riscos para os investidores participantes.
Outro fator de distinção é que os derivativos padronizados são adequados a todos os tipos de participantes do mercado. A lista vai dos investidores comuns aos institucionais, como fundos de pensão, hedge funds, gestores de investimentos, etc.
Como os derivativos OTC funcionam?
Em contrapartida, os derivativos operados no mercado de balcão são muito mais complexos, o que pode levar os traders a se perderem nos detalhes dos contratos. Embora a falta de padronização torne os ativos OTC mais flexíveis e adequados para personalização, isso também introduz mais agressividade e complexidade no mercado, o que não é exatamente o melhor ambiente para investidores comuns. Mesmo se eles quiserem, os players de menor porte teriam dificuldades para operar no mercado de balcão, já que os mercado em si é voltado para os investidores institucionais.
Os principais usuários dos derivativos OTC são os diversos investidores de grande porte – também chamados de baleias – que operam lá para evitar desestabilizar o mercado público com suas grandes operações ou simplesmente para negociar termos melhores. Embora as operações no mercado de balcão tenham volumes individuais muito maiores, elas não são tão frequentes. A atividade de trading nos mercados não regulados é muito menos frequente, o que os torna menos líquidos. Muitos instrumentos nem são operados todos os dias.
Como os contratos de futuros são padronizados?
Tomemos a CME como exemplo. A bolsa possui termos e especificações padronizadas para cada contrato de futuros listado e disponível para os traders. Essas especificações incluem a unidade do contrato, a cotação, o horário de operação, a data de vencimento, os procedimentos de liquidação, o tamanho do lote, a qualidade, entre outros detalhes essenciais.
Além disso, as bolsas também possuem diretrizes que determinam especificamente os instrumentos subjacentes que elas podem usar para criar contratos de derivativos.
A ideia da padronização para contratos de futuros é permitir que os investidores possam se familiarizar mais facilmente com tudo o que eles precisam saber sobre os instrumentos de interesse.
Vamos dar uma olhada no que os princípios de padronização significam para o tamanho dos contratos de futuros, por exemplo. Graças às diretrizes definidas, cada contrato possui um tamanho razoável que os investidores menores conseguem bancar.
O tamanho de um contrato de futuros padronizado depende do instrumento em questão. Por exemplo, com os futuros de milho (ZC), uma única unidade do contrato equivale a 5.000 bushels. Enquanto isso, com os futuros de Eurodólar (GE), um contrato equivale à compra de US$ 2.500 x Índice IMM do Contrato. Por fim, com os futuros de petróleo (CL), o tamanho de um único contrato é de 10.000 barris.
Como os contratos de opções são padronizados?
Contratos de opções são padronizados de acordo com as diretrizes específicas da bolsa em que eles são operados. As particularidades da padronização dependem do tipo do instrumento subjacente. Vejamos o contrato de opções de milho da CME, por exemplo. A padronização cobre as particularidades do contrato, como unidade base, oscilação de preço mínima, horário de operação, contratos listados, estilo de exercício, método de liquidação, etc.
Quando se trata de contratos de opções, você deve saber que há todo tipo de instrumento disponível para ser operado. As particularidades da padronização dependem do mercado que lista os contratos. Por exemplo, há opções de ações, opções de títulos, opções de índices, opções de moedas, opções de taxas de juros, opções de futuros e até mesmo opções da previsão do tempo.
Agora vamos ver um exemplo de como a padronização abrange o tamanho do contrato de opções de ações. De acordo com as leis de padronização convencionais para contratos de opções de ações, um único contrato geralmente representa 100 ações da empresa em questão. O investidor deve pagar uma taxa de prêmio para cada contrato operado.
Digamos que você pretende comprar um contrato de opções com um prêmio de US$ 0,50 por contrato. Nesse caso, um único contrato de opções custaria US$ 0,50 x 100 ações = US$ 50.
Outros derivativos padronizados
O derivativo padronizado mais popular, além de opções e futuros, são os swaps. Swaps são contratos que permitem que a troca de fluxos de caixa entre duas partes. Cada parte troca o respectivo fluxo de caixa dos seus instrumentos financeiros pelo fluxo de caixa da outra parte quando os termos forem mais adequados à sua estratégia de investimento.
Esse tipo de acordo permite que os investidores garantam a troca de fluxos de caixa em que eles estão interessados por outros fluxos de que eles não querem mais manter.
Há diferentes tipos de swaps, incluindo swaps de taxas de juros, swaps de moedas e swaps de commodities. Alguns mercados também permitem a troca de swaps de títulos e swaps de futuros.
A padronização de swaps define diversas particularidades do contrato, incluindo a unidade do contrato, horário de operação, oscilação de preço mínima, procedimentos de liquidação, procedimento de entrega, entre outras. Esses parâmetros detalham a troca dos fluxos de caixa, tornando o procedimento de trading de swaps muito mais transparente e menos arriscado.
Considerações finais
A padronização é um excelente mecanismo para ajudar os participantes do mercado a navegar melhor pelo mercado de derivativos. Isso lhes garante mais liquidez e transparência ao operar. Graças às informações de preços do mercado, os investidores podem prever melhor o resultado das suas posições. Consequentemente, eles podem construir estratégias de gestão de risco mais resilientes. A padronização também ajuda as bolsas a garantir um ambiente de mercado mais saudável e que seja igualmente acolhedor para investidores comuns e de grande porte.
Por outro lado, os derivativos operados no mercado de balcão (OTC) podem ser negociados e personalizados de acordo com as necessidades de cada uma das partes envolvidas na transação. No entanto, o mercado de balcão é mais arriscado e geralmente só está disponível para investidores com uma quantidade de capital substancial. Portanto, se você é um investidor iniciante e está interessado em derivativos, procure se dedicar aos instrumentos operados na bolsa; além de serem mais líquidos, a padronização estará lá para proteger os seus interesses.