Última atualização em abril 10, 2020
A desaceleração econômica do Japão, que ocorre desde o fim de 2019, vem mostrando uma de suas maiores quedas dos últimos 5 anos. Dentre os diversos fatores que à desaceleração econômica estão razões políticas e as políticas fiscais do Governo Japonês. Neste artigo iremos explicar detalhadamente estas causas e as possíveis soluções para que o Japão consiga corrigir este problema.
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A queda do PIB intensifica a desaceleração econômica do Japão.
O PIB do país caiu em cerca 6,3% no último trimestre de 2019, esta foi a maior queda dos últimos cinco anos que tem provocado como consequência a intensa desaceleração econômica do Japão.
A administração de Tóquio tem muita responsabilidade nisso, já que esse número extraordinariamente alto se deve em grande parte a razões políticas.
O governo japonês reforçou as suas políticas fiscais em outubro de 2019, causando um grande impacto no trimestre de outubro a dezembro. Eles não só aumentaram os impostos em geral, como também o imposto de maior impacto: o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O IVA funciona de maneira similar a um imposto sobre vendas e aumentá-lo de 8% a 10% afetou 90% das vendas de varejo. O objetivo com isto era o de alcançar a meta para a inflação e, presumivelmente, aumentar a renda do governo.
Uma das consequência mais severas do aumento no IVA é que ele afeta negativamente o consumo.
Ele coloca as empresas em uma triste situação, onde elas precisam aumentar os preços, mas não podem por temer que a demanda por seus produtos diminua. Como elas não são capazes de repassar o aumento de impostos ao consumidor final, elas são forçadas a manter a sua estratégia de preços existente, o que reduz significativamente suas margens de lucro.
O fraco desempenho comercial gerou forte efeito adverso no PIB.
O consumo privado caiu em 2,9% no último trimestre, essa queda excedeu as previsões do governo e do mercado em aproximadamente 1%. Analisando esses dados pode-se notar como a desaceleração econômica do Japão vem afetando fortemente até mesmo as previsões do Governo.
O consumo privado faz parte de 60% do PIB do país, algo que foi levado em conta no cálculo da previsão do PIB.
Embora a queda não tenha sido uma surpresa, a expectativa inicial era uma queda de apenas 4%, deixando claro que o governo Japonês subestimou a importância que a diminuição do consumo privado teria sob o PIB e vice-versa.
Isso mostra que a população do Japão acabou ficando muito mais sensível ao preço se imaginava.
A população estava acostumada com preços estagnados, ou até mesmo, em alguns casos, com preços ainda mais baixos, e isso se tornou uma das principais características da economia japonesa.
Eles vêm lutando contra a deflação por décadas, e atualmente nem mesmo um aumento de impostos poderia ajudar.
A taxa de inflação alvo do Banco do Japão é de 2%, no entanto, ao longo do curso do último trimestre de 2019, a inflação subiu de 0,2% em outubro para 0,8% em dezembro. Esse pequeno aumento na inflação mostra que seus esforços não foram completamente em vão, no entanto, se o esforço valeu a pena ou não continua sendo uma questão em aberto.
Outra possível razão para o seu declínio em espiral é a indústria de máquinas, que historicamente tem sido uma das chaves motoras do crescimento da economia japonesa. Os pedidos de maquinaria principal caíram em 3,5% de novembro à dezembro, o que é especialmente devastador quando comparado com o alto crescimento do mês anterior.
Possíveis soluções para o problema
A combinação desses dois fatores coloca muita pressão sob a administração do Primeiro Ministro Shinzo Abe. O Banco do Japão (BoJ) também lançou uma declaração afirmando que eles tomaram todas medidas possíveis para melhorar a liquidez, incluindo uma taxa básica de juros negativa e um programa de flexibilização quantitativa.
Eles continuaram dizendo que incapacidade das empresas japonesas de capitalizar sob condições monetárias favoráveis eram devido a outros fatores fora do controle do Banco Japonês. Sua declaração deixou claro que o único jeito de chegar aos resultados desejados seriam através de mudanças significativas na política fiscal.
Coincidentemente, este sentimento foi refletido quase literalmente por Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, que enfrentou problemas similares durante seu mandato no ECB.
É fascinante observar que embora os bancos centrais na Europa e no Japão estejam em uma posição suficientemente forte para tentar fazer exigências de seus respectivos governos, no relacionamento atual dos EUA com o Sistema de Reserva Federal ocorre o inverso.
O Presidente Trump é conhecido por suas críticas ao presidente do Sistema de Reserva Federal, Jerome Powell, assim como por suas tentativas indiretas de pressionar o SRF em promulgar políticas que vão de acordo com seus objetivos para a economia dos EUA.
A questão para a Europa e o Japão é se eles iriam ou não se beneficiar em ter uma figura como Trump no seu governo, tentando ativamente pressionar os bancos centrais a adotarem políticas que se alinham às metas econômicas de seus respectivos governos.
Isso nos deixa com uma única pergunta: Quais resultados macroeconômicos veremos do Japão no primeiro trimestre de 2020?
Conclusão
Até o momento está sendo um ano difícil, por conta da perda de receita devido a contratempos na produção e no turismo por conta do coronavírus a desaceleração econômica do Japão vem numa crescente que não sabemos quando irá parar. Enquanto isso, o governo japonês está focado principalmente nas próximas olimpíadas, o que não chega a ser uma má estratégia. Caso o evento tenha sucesso, a economia japonesa pode ser impulsionada salvando o país de uma possível recessão.