Última atualização em abril 13, 2022
A diferença entre investidores bem-sucedidos e mal-sucedidos é a precisão das informações por trás de suas decisões. Existem vários métodos diferentes que podem ser usados para obter essas informações. A análise fundamentalista é uma das abordagens mais populares. Baseia-se na análise minuciosa de declarações financeiras e outras informações oficiais, que incluem cartas a investidores, lançamentos de imprensa, relatórios de analistas, entre outros. O objetivo é ter noção da qualidade e potencial de um negócio específico.
Este guia vai te ensinar tudo que você precisa saber sobre análise fundamentalista. Você vai aprender até mesmo como usá-la para melhorar o seu portfólio de estratégias.
O que é análise fundamentalista?
A análise fundamentalista é uma metodologia financeira e contábil que visa identificar as principais métricas de uma determinada empresa. O objetivo é avaliar sua viabilidade verificando suas declarações financeiras.
O objetivo da análise fundamentalista é fornecer uma estimativa precisa de um certo valor intrínseco de segurança. Sua metodologia de avaliação analisa a variedade de diferentes fatores econômicos e financeiros e a forma que eles afetam a performance da entidade em questão. Tais fatores podem incluir métricas financeiras relacionadas a bens, responsabilidade e ganhos, a efetividade de gestão, performance dos adversários, indicadores macroeconômicos como taxas de interesse, níveis de emprego, previsão do PIB, projeções de analistas, cartas a investidores, lançamentos de imprensa, notícias e muito mais.
O objetivo final é descobrir se um ativo está sub ou super valorizado. Para tal propósito, são examinados todos os dados relevantes para que se chegue a um número que os investidores possam comparar com o preço atual. Em outras, palavras, para fornecê-los uma base sólida para decidir investir ou não em um determinado ativo.
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A história da análise fundamentalista
Benjamin Graham é considerado o pai da análise fundamentalista. Ele é um dos expoentes mais relevantes, senão o mais relevante, na história dos mercados financeiros. Em 1934, após a Grande Depressão, Benjamin Graham e David Dodd, ambos professores na Columbia Business School, publicaram um livro chamado “Análise de Investimentos” (Security Analysis em Inglês). O livro alertava investidores sobre o comportamento do mercado especulativo e os instigavam a focar no valor intrínseco de uma margem de segurança.
“Observadores astutos dos balanços patrimoniais corporativos são, geralmente, os primeiros a ver a deterioração do negócio.”
– Benjamin Graham, Análise de Investimentos
Não seria errado dizer que a resposta mais completa e precisa para a pergunta “o que é análise fundamentalista?” pode ser encontrada neste livro.
Os autores propõem a ideia de uma análise fundamentalista compreensiva como uma forma efetiva de estimar o valor real de um determinado bem. Eles também sugerem usá-la como base para determinar as tendências de curto prazo em seu preço futuro. Contudo, vale a pena ressaltar que Graham e Dodd não focaram particularmente em previsões a longo prazo, ou em tentar adivinhar o preço de um certo ativo em determinado momento.
Mais de 300 páginas do livro são dedicadas a metodologias precisas de análise financeira. Incluindo tanto as declarações de renda quanto balanços patrimoniais. Os capítulos tratam termos-chave e princípios da contabilidade, como depreciação, amortização, itens especiais, subsidiárias não consolidadas e muitos outros.
O livro tornou-se um dos trabalhos mais citados e mais importantes na área dos mercados mercados financeiros. Quase um século depois, as ideias de Graham e Dodd ainda parecem tão precisas e importantes quanto sempre foram.
O desenvolvimento da análise fundamentalista
Logo depois do lançamento do livro “Security Analysis”, a análise fundamentalista se tornou o princípio principal e a metodologia chave para avaliação de ativos, e assim ela permaneceu até que a revolução digital chegasse aos mercados financeiros. A partir desse ponto, a análise técnica e outras metodologias de avaliação computacional se tornaram mais convencionais. Apesar da introdução de novas tecnologias que mudaram o foco dos investidores em relação a análise fundamentalista, hoje ela ainda é tem um grande valor sendo uma das ferramentas preferidas dos investidores.
Na realidade, a essência da análise fundamentalista e as principais questões contábeis discutidas no livro de Benjamin Graham foram mais tarde encontradas em alguns dos principais escândalos corporativos da história recente, como os casos da Enron e da Valeant Pharmaceuticals.
A peça central do investimento em valor é a análise fundamentalista. Warren Buffet é sem dúvidas o maior investidor de todos os tempos. Ele construiu a sua fortuna aderindo aos princípios do investimento de valor.
“Outros caras lêm a Playboy, eu leio relatórios anuais.”
– Warren Buffet
Um fato interessante aqui é que apesar de Bejamin Graham ter sido o mentor de Buffet, ele não foi um investidor de sucesso. Isso se dá porque Graham estava interessado, em primeiro no lugar, em se a empresa era capaz de gerar receita o suficiente para superar problemas que poderiam fazer o seu preço cair. Buffet levou este conceito mais adiante e o aprimorou analisando a situação de longo prazo. E é daí que o termo “investimento de valor” nasceu – Buffet estava interessado em saber se a situação atual e as circunstâncias em torno de um negócio específico podem ser valiosas no futuro e ajudar a superar os concorrentes.
Análise fundamentalista vs. Análise técnica
As análises fundamentalista e técnica são os dois pilares básicos da filosofia de investimento e as principais escolas de pensamento quando se trata da teoria dos mercados financeiros. Ambos são muito diferentes e frequentemente se opõem, razão pela qual há um debate permanente entre análise fundamentalista e técnica.
Embora os dois métodos de análise visem ajudar os investidores a pesquisar e projetar o preço futuro de um ativo específico, eles diferem entre si em termos de aplicação e nas ferramentas que utilizam para se chegar a uma conclusão.
Enquanto a análise fundamentalista tenta estimar o valor intrínseco de um ativo, contando com dados de demonstrações financeiras, estatísticas oficiais e muito mais, a análise técnica faz previsões baseadas em apenas dois fatores – o preço do ativo e seu volume de negociação. Os analistas técnicos usam gráficos para encontrar padrões e anomalias formadas pelo preço da ação e do volume de negociação, que eles interpretam como sinais de compra ou venda.
Na realidade, a análise técnica não se concentra no valor intrínseco. O que ela faz é tentar simplificar os conceitos da análise fundamentalista, assumindo que todos os indicadores cruciais necessários para fazer uma previsão precisa já estão incluídos no preço do ativo. Para prever movimentos de preços, os analistas técnicos empregam uma variedade de ferramentas, incluindo suporte e resistência, indicadores baseados no momento, médias móveis e linhas de tendência.
Os investidores que baseiam as decisões sobre suas operações no valor intrínseco de um ativo (investidores de longo prazo, investidores de valor, etc.) geralmente preferem a análise fundamentalista como principal metodologia de pesquisa. Os day traders, especuladores, traders de arbitragem ou investidores de curto prazo, por outro lado, preferem a análise técnica. Ela fornece uma previsão rápida e oportuna dos movimentos de preços de curto prazo nos quais eles estão interessados. Alguns participantes do mercado, por outro lado, tentam combinar as duas metodologias para fazer uma previsão mais precisa sobre oportunidades de longo prazo.
As principais diferenças entre Análise Fundamentalista e Análise Técnica
Análise fundamentalista | Análise técnica | |
Função | Mais adequada para investir | Mais adequada para operar |
Usada por | Investidores de longo prazo que procuram o valor intrínseco em um ativo | Traders interessados em movimentos de preços de curto prazo |
Objetivo | Determinar se o ativo está supervalorizado ou subvalorizado | Encontrar o melhor momento para entrar ou sair do mercado |
Aplicação | Principalmente ações, mas também funciona para títulos, derivativos e muito mais | Todas as classes de ativos |
Informação | Demonstrações financeiras, balanços patrimoniais, boletins de imprensa, etc… | Preço e volume de negociação |
Tempo analisado | Períodos longos (anos ou décadas) | Períodos curtos (horas, dias, etc.) |
História | Proposto pela primeira vez em 1934 | Proposto pela primeira vez no século XVIII |
Compreensivelmente, ambas as metodologias têm seus defensores e opositores. A verdade é que ambas as análises são úteis para propósitos diferentes. Por esse motivo, nenhum dos dois pode ser considerado melhor ou pior, e não existe uma resposta exata para a pergunta de qual utilizar, análise técnica ou análise fundamentalista. Na realidade, combiná-las não é uma má idéia – e pode inclusive melhorar a precisão de suas previsões.
Tipos de análise fundamentalista
Existem dois tipos de análise fundamentalista – de cima para baixo e de baixo para cima. Para entender rapidamente, pense na abordagem de cima para baixo como a abordagem global e de baixo para cima como a abordagem local.
Abordagem de cima para baixo (global)
Ela se concentra em fatores macro como o estado da economia, previsões do PIB, nível de desemprego, taxas de juros, etc… Ao considerar todos esses fatores, o investidor tenta fazer uma previsão sobre o cenário mais amplo – a direção geral da economia e as tendências gerais do mercado. Depois de fazer isso, você estará mais ciente dos setores e indústrias que prosperarão e daqueles que podem não ser uma oportunidade sólida de investimento. Indo mais adiante, você pode executar a análise em nível corporativo para identificar ações de alto potencial.
A ideia aqui é diminuir o horizonte de investimento, partindo da análise global e mudando para ações individuais.
Abordagem de baixo para cima (local)
Como o nome sugere, a abordagem de baixo para cima inverte a pirâmide e começa a analisar a situação em um nível micro. Os investidores que preferem essa metodologia acreditam que o estado geral da economia pode não ser um bom indicativo do desempenho de determinadas ações. Eles acham que algumas ações podem ter alto potencial de investimento, apesar de fazerem parte de um setor, ou indústria, estagnado.
Os “analistas fundamentais de baixo para cima” concentram-se nos ganhos corporativos, demonstrações financeiras, balanços patrimoniais, boletins de imprensa, cartas aos investidores, estimativas de oferta e demanda, bens e serviços oferecidos pela empresa e outras fontes de informação específicas da empresa.
Ambos os tipos de análise fundamentalista têm seus prós e contras. Por exemplo, os investidores de cima para baixo concentram-se principalmente na identificação de setores e indústrias com bom desempenho. Dessa forma, eles podem restringir o universo de oportunidades em potencial e alternar rapidamente entre as análises de empresas específicas. “Analistas de baixo para cima”, por outro lado, entendem mais claramente uma determinada empresa e suas operações.
A verdade é que nenhuma abordagem é melhor que a outra. Ambos os tipos de análise fundamentalista são adequadas para diferentes situações e atraem diferentes tipos de investidores. A abordagem de cima para baixo, por exemplo, é a favorita dos investidores iniciantes ou daqueles que não têm tempo para fazer cálculos financeiros detalhados em nível micro. A abordagem de baixo para cima, por outro lado, é a favorita de investidores que buscam ações de alto potencial capazes de ter uma alta performance no mercado, mesmo em períodos turbulentos.
Outras metodologias
Antes de passarmos para a seção em que discutimos como fazer análises fundamentais, devemos observar que alguns especialistas destacam algumas abordagens adicionais na análise fundamentalista. No livro “Um Guia Completo para o Mercado Futuro: Análise Técnica, Sistemas de Negociação, Análise Fundamentalista, Opções, Spreads e Princípios de Negociação” (link), Jack Schwager e Mark Etzkorn marcam a abordagem da “mão antiga”. Segundo eles, essa abordagem é usada por analistas que estão perfeitamente familiarizados com o mercado em que investem (os autores descrevem esses profissionais como tendo “um sexto sentido virtual em relação às flutuações de preços”).
As tabelas de balanço é outra metodologia proposta no livro. Eles comparam a oferta da estação atual e as mudanças das estações anteriores. Eles também introduzem a estação análoga em que os analistas comparam as temporadas passadas com características fundamentais semelhantes à atual para construir um roteiro para a previsão de oscilações de preços. Schwager e Etzkorn também falam sobre a análise de regressão como um procedimento estatístico para gerar previsões com base nos dados analisados.
Vale ressaltar, no entanto, que como ponto de partida na análise fundamentalista, as abordagens de cima para baixo e de baixo para cima são tudo o que você precisa saber. Se em algum momento você quiser aprimorar suas habilidades, vá em frente e refine-as com algumas metodologias adicionais propostas na literatura.
Como fazer uma análise fundamentalista
É claro que não podemos fornecer a resposta completa sobre como fazer a análise fundamentalista em apenas um guia. A verdade é que existem milhares de páginas escritas, todas por investidores famosos e figuras-chave no setor, como Warren Buffet, Benjamin Graham etc., que se aprofundam nos princípios da análise fundamentalista e em como aplicá-los para melhorar o desempenho dos seus investimentos.
O que faremos, no entanto, é mostrar uma implementação prática das abordagens de investimento de cima para baixo e de baixo para cima. Então, aqui estão algumas dicas úteis sobre como fazer análises fundamentais por meio das metodologias de cima para baixo e de baixo para cima:
Como fazer uma análise fundamentalista por meio da abordagem de cima para baixo
Como já dissemos, a abordagem de cima para baixo se concentra no quadro mais amplo. Por isso, para fazer uma análise adequada, precisamos de alguns fatores macroeconômicos que possam ajudar a determinar a direção geral de uma indústria ou setor específico. A partir daí, com base na crença de que as ações em indústrias com bom desempenho também devem estar indo bem, podemos observar um nível micro e identificar escolhas específicas.
Indicadores macroeconômicos
Para começar, devemos identificar o maior número possível de fatores macroeconômicos. Isso expandirá nossos horizontes para muitos setores no futuro. Uma boa ideia é coletar informações sobre as projeções do PIB para os EUA e para o mercado global, as perspectivas para as taxas de juros, os preços e rendimentos dos títulos, os níveis de inflação, os preços de diferentes commodities e muito mais.
Se considerarmos o indicador das taxas de juros, por exemplo, um bom setor a se analisar é o financeiro. A renda primária dos bancos provém das taxas de juros dos produtos de crédito, para que possamos acompanhar o movimento entre um índice do mercado financeiro (por exemplo, usamos o ETF do setor financeiro selecionado SPDR, XLF) e o rendimento do Tesouro de 10 anos como referência para mudanças nas taxas de juros.
O gráfico mostra o que parece ser uma correlação direta entre os dois instrumentos. Quando as taxas de juros aumentam, as ações dos bancos tendem a ter um bom desempenho. Vale ressaltar, no entanto, que isso nem sempre é verdade, e essa análise deve ser complementada com fatores adicionais, como o estado geral da economia. Se, por exemplo, a economia não estiver se saindo bem quando as taxas de juros estão subindo, as ações dos bancos também podem passar por dificuldades.
Da mesma forma, podemos usar as taxas de juros como um fator crucial para a análise das empresas produtoras de material de construção e de construção de casas. Quando as taxas de juros são baixas, os empréstimos à habitação se tornam mais acessíveis. Isso leva a mais demanda e a um crescimento no setor de construção.
Exemplos de commodities
Quando se trata dos preços de commodities, um exemplo fácil é analisar o preço do petróleo e das empresas envolvidas na área de produção de petróleo. A correlação é positiva, e a tendência nos preços do petróleo quase sempre indica os preços das ações de empresas relacionadas ao petróleo. No exemplo abaixo, comparamos o preço dos contratos futuros de petróleo bruto (CL) e o preço das ações da Exxon Mobil Corporation (XOM). O que fica claro é que picos no preço da mercadoria sempre levam a picos no preço das ações da empresa.
A abordagem de cima para baixo pode ser aplicada a ações específicas de cada país ou região, levando em consideração as projeções locais do PIB, os níveis de desemprego, a saúde da economia e outros fatores.
Como fazer uma análise fundamentalista por meio da abordagem de baixo para cima
Quando os investidores aplicam a metodologia de baixo para cima, eles não levam em consideração as tendências gerais do mercado e os fatores macro, inicialmente. Seu único foco são os fundamentos específicos de ações que ajudam a fazer uma comparação com outras empresas do mesmo setor.
Mas o que são exatamente os fundamentos de ações? Podemos separá-los em duas categorias – quantitativa e qualitativa. A diferença é que, embora a primeira possa ser medida em termos numéricos, a segunda é medida por fatores abstratos, como a qualidade ou caráter. Vamos dar uma olhada nas duas.
Fundamentos qualitativos
Os fundamentos qualitativos são menos tangíveis e dificilmente são medidos por valores de tamanho, quantidade ou volume. Aqui estão os fatores qualitativos mais populares:
Modelo de negócio e vantagens competitivas
Essa característica fundamentalista define o que a empresa faz e como ela se destaca da concorrência. Este é um fator subjetivo que não pode ser medido por nenhum índice. Compreensivelmente, empresas com vantagens competitivas atrativas são as preferidas dos investidores.
Gestão
Segundo a maioria dos analistas, esse fator é o mais importante. A qualidade da equipe de gerenciamento e seu estilo são prejudiciais ao desempenho das ações de uma empresa em particular. A história está cheia de exemplos de como as empresas mal administradas não conseguem atingir seu potencial e fracassam. Para ter uma noção do gerenciamento de um negócio específico, é sempre uma boa ideia pesquisar as biografias de membros da equipe e descobrir como eles se saíram em seus trabalhos anteriores.
O poder da marca
Nenhum investidor duvidará do poder de marcas como a Nike, que conseguiu construir uma comunidade de clientes engajados. Isso é muito importante ao fazer previsões sobre o desempenho de um negócio específico em tempos de estresse, economia mais fraca, concorrência agressiva etc., bem como seu crescimento em vendas. Empresas com marcas estáveis têm o potencial de superar fatores de risco externos e até de progredir em tempos difíceis.
Existem muitos outros fatores qualitativos que podem ser levados em consideração. Incluindo o crescimento de todo o setor, a estrutura regulatória de um setor específico, a concorrência e seu comportamento, a base de clientes, a tecnologia proprietária, as patentes, o domínio do mercado e muito mais.
Fundamentos quantitativos
Pense neles como números concretos ou características mensuráveis de uma empresa em particular. Ao estimar o valor intrínseco de uma ação, a abordagem de baixo para cima emprega uma variedade de ferramentas, incluindo índices financeiros, métricas de crescimento e muito mais. Aqui estão os mais populares:
Lucro por Ação (LPA)
A relação LPA revela o grau de lucratividade de um negócio específico. Indica a quantidade de lucro que é alocado para cada ação. Uma relação LPA mais alta significa que a empresa tem melhor desempenho e é mais lucrativa, portanto, é uma boa oportunidade de investimento.
Índice Preço/Lucro (P/L)
A proporção revela o número de pagamentos corporativos em comparação com o preço das ações. Pense nisso como o salário de um cargo – ela indica se a ação paga bem em comparação com o que custa (seu preço). Boas oportunidades de investimento geralmente têm menor P/L.
O P/L muito alto ou muito baixo significa que a ação está supervalorizada ou subvalorizada e seu preço será corrigido em breve.
Preço sobre Valor Patrimonial por Ação (P/VPA)
A relação P/VPA revela quanto vale a ação em comparação com o valor contábil da empresa. Um P/VPA maior que um significa que o mercado acredita que as ações podem crescer mais rapidamente do que o valor contábil indica. Ao calcular essa proporção, não se surpreenda se você terminar com números acima de 100 ou mais. Isso é normal para ações em crescimento.
Retorno sobre o Patrimônio (ROE)
O ROE está entre os indicadores fundamentais mais populares e amplamente utilizados. O que ele faz é revelar o nível de eficiência de uma empresa ao usar o patrimônio líquido. Um ROE mais alto significa que o negócio é mais eficiente.
Beta (β)
O Beta é um indicador crucial a ser usado se você deseja descobrir a correlação de uma ação específica com o movimento do setor ao qual ela pertence. Para derivar o valor do Beta, os investidores comparam a ação a uma referência – geralmente um índice. O valor do Beta varia entre 1 e -1, mas em alguns casos, pode exceder esses valores.
- Covariância – o retorno das ações em relação ao mercado
- Variação – como o mercado se move em comparação com sua média
Se β <0, a ação tem uma correlação reversa com o valor de referência. Quanto menor o valor, maior a correlação negativa. Beta inferior significa menor volatilidade e potencial de lucro. Se β> 0, o preço da ação se correlaciona com o valor de referência. Um Beta mais alto não significa apenas uma correlação mais alta, mas também maior volatilidade e maior potencial de lucro.
Crescimento Projetado de Ganhos (Índice PEG)
A ideia desse indicador é ajudá-lo a descobrir quanto você pagará por unidade de crescimento do lucro esperada. Nesse caso, mesmo as ações com PL alto e PEG alto podem ser definidas como boas oportunidades de investimento.
O índice PEG aumenta o índice P/L adicionando um parâmetro como por exemplo o crescimento do LPA. Isso deixa tudo mais completo permitindo projeções mais precisas. O PEG reflete o valor real de uma ação, ajudando os investidores a encontrar facilmente ativos sub ou supervalorizados.
Rendimento de Dividendos e Taxa de Pagamento de Dividendos
Investidores de valor como Warren Buffet ou investidores que preferem receita de dividendos usam esse indicador como principal ferramenta para quantificar o potencial de uma oportunidade de investimento específica. O indicador reflete o percentual de retorno que a empresa paga a seus acionistas como dividendos.
Para adicionar uma dimensão adicional às estimativas de dividendos, os investidores também consideram o indicador Índice de Pagamento de Dividendos. Os valores calculados, no entanto, não têm uma interpretação direta. Você deve analisá-los em relação a outras informações ou métricas.
Digamos que o DPR seja calculado em 20%. Esse valor, por si só, não diz muito. Por exemplo, empresas em crescimento tendem a reter uma parte significativa de seus lucros e reinvesti-los para financiar sua expansão. Isso significa que elas estão pagando pouco ou nenhum dividendo. As empresas que pagam dividendos mais altos, por outro lado, podem ser empresas maduras com potencial de crescimento limitado.
Existem muitas outras métricas de análise fundamentalista a serem usadas, e falar sobre cada uma delas transformaria este guia em um livro didático. O que estamos tentando fazer aqui é apresentar o mundo da análise fundamentalista e suas principais ferramentas. Isso o ajudará a navegar ainda mais no mundo dos investimentos e a construir sua base de conhecimento.
Dicas e ferramentas de análise fundamentalista
Neste ponto, já devemos estar familiarizados com o que é a análise fundamentalista e como ela funciona na prática. Agora é hora de focar em algumas dicas e ferramentas fundamentais de análise que podem ajudá-lo a otimizar o processo.
Como sabemos, o mais importante para se fazer uma análise fundamentalista adequada é ter em mãos os dados corporativos oficiais. As empresas públicas, por exemplo, publicam suas demonstrações financeiras e cartas aos investidores em seus sites. Empresas privadas, no entanto, não são obrigadas a fazê-lo; portanto é difícil obter informações sobre elas. Para superar esse problema, você pode dar uma olhada em ferramentas como o Powrbot, onde você pode encontrar informações corporativas gratuitamente.
Se você quiser alguns recursos de gráficos para visualizar o desempenho de uma ação específica ao longo do tempo, o TradingView pode lhe ajudar. Se você tem um entendimento mais avançado, pode até explorar a variedade de indicadores técnicos internos.
O SimplyWallStreet é outra excelente ferramenta que pode lhe ajudar a fazer as contas por trás da avaliação das ações. A plataforma calcula taxas e métricas e apresenta os resultados em infográficos e gráficos fáceis de entender. O software torna a análise fundamentalista fácil e acessível, até mesmo para iniciantes.
Se você está procurando um software que combine a maioria das coisas necessárias para uma análise fundamentalista adequada, você pode testar o Finviz. Ele é um rastreador de ações que fornece mapas de calor, também é um compilador de notícias e muito mais. Você pode usá-lo para estimar a correlação entre diferentes ações ou ativos. Ele lhe notifica sobre eventos importantes que podem alterar os preços. Você também pode usá-lo somente para fazer pesquisas.
Plataformas
A seção de dicas e ferramentas deste guia não estaria completa sem mencionar as plataformas de negociação. Muitos dos principais corretores têm plataformas bem desenvolvidas e altamente funcionais. Geralmente, elas são de uso gratuito e ótimas para as análises fundamentais, técnicas e quantitativas. Um exemplo é o TD Ameritrade e a sua plataforma Thinkorswim.
Lembre-se de que a análise fundamentalista não precisa ser construída do zero. Especialmente quando você está dando seus primeiros passos no trading. Existem inúmeras análises disponíveis na web, com as quais você pode começar. Uma ótima ideia é ler sobre visões gerais de diferentes setores para se familiarizar com o funcionamento desses setores econômicos. Isso o ensinará sobre o que impulsiona o preço das ações das empresas que estão operando nestes setores. O LookingAlpha, por exemplo, é um excelente ponto de partida e uma fonte de análises e relatórios inestimáveis do setor. Você pode até usar o Twitter para seguir os principais analistas fundamentais e manter-se atualizado com suas recomendações e escolhas de ações.
Conclusão
Atualmente, a análise fundamentalista é um ingrediente vital da realidade dos mercados financeiros. Hoje, os dias do “investimento romântico de longo prazo” parecem ter desaparecido. Em vez disso, os investidores estão buscando lucros a curto prazo e formas de explorar oportunidades de operações dinâmicas. A análise fundamentalista ainda desempenha um papel crucial nas estratégias dos investidores mais bem-sucedidos. No final, aprender os truques da análise fundamentalista vale a pena, mesmo que você leve mais tempo estudando. Se você não tiver certeza, basta olhar para o patrimônio líquido de Warren Buffet.